Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Sem sons


Acordei sem versos, sem sinfonia de sons
só alguns estilhaços do meu pós -mortem
bailando na lágrima dos meus olhos parados.
Me peguei dedilhando rígidas consontes sonsas,
intercaladas de vogais átonas e sem certezas.
Tudo que eu queria era um grito interminável,
estridente carregado de cores e significados;
mas senti os punhos pesados, as pupilas cansadas.
Me deixei abater pelo cinza carregado
que esfumaçou  minha única vidraça.
Aqueci os dedos na chama oscilante que me alumia
para secar o frio das juntas enregeladas;
Tamborilei com esforço palavras amorfas
mas tudo que consegui foram sons abafados
falanges trincadas ecoando no silêncio de mim.

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