Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Abstinência

Sem poesia o verbo doce, agoniza
Secam as palavras no nó da garganta.
Nem com amor, a paixão se materializa;
Palavra sem poesia, de nada adianta.

Palavras sem poesia; é abstinência.
Prazer assim declamado é puro desejo,
Nem há lágrima que salve a aparência
Mesmo que a declaração morra num beijo.

Empobrecem as almas e os diálogos
A cada palavra fria pronunciada.
O que cantam à lua os namorados,
Se sem poesia for a língua sacrificada?

Quero abraço, correio elegante de bilhetes
Para avivar o romantismo esquecido,
Outra vez  flerte, flores em ramalhetes,
Sonhar com o esperado beijo escondido.

Sem poesias não se suspira de saudade.
Sem poesias não se sonha acordado;
Fica tudo com o mesmo sabor de futilidade,
E não há mais amor a ser conquistado.


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