Meu diário de bordo

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Acolhida

Calo-te com o calor da minha boca
Com o abraço solitário da minha ternura;
Nunca houve tanta verdade
Em tão pouco silêncio.
Um vale de sentimentos que transborda
Uma ponte que não encontra o outro lado
E um imenso borbulhar de sons
Dentro desse vazio de pessoas e gestos.

Eu desenfreada angústia, 
Sem diques, a correr nos corredores da vida
Engulo séculos de esperas, de retorcidos nãos.
Calo-me enquanto curvo-me aos açoites 
Mas  abro-me inteira de esperanças doces
Para acolher teu sorriso manchado. 
Eu ofereço meu ventre cansado
Para receber teus dias tristes
Que cabem em igual leito de solidão.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Espaços

 
Grande esse vazio que cresce
espande por todo o espaço.
Enormes esses nadas que se amontoam
amoldando formas vazias e sem cor.

 
Dentro desse infinito espaço
que a nenhuma lógica obedece;
verdadeiros, só os sons que ecoam
mutilados por vozes em dor.

 
Deslocando-se de lá pra cá,
de cá pra lá, à deriva,
trombam com silêncios ácidos,
falas ocas e criações pífias
fingindo possuir gentil sabor.
 

Tantos compartimentos azuis
rosas e furta-cores, já emboloram
sob o cansaço da luz tênue que se apaga.
 

Foram recolhidos os sóis,
as luas e seus mistérios surdos,
não mais razão para colecionar:
ilusóes, sentimentos, nem chuvas doces;
atrás do pano  a vida envelheceu
de tanto esperar...