Meu diário de bordo

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Ventre



Meus maiores amores estão distantes
E meu coração todavia desesperado
Não cabem no meu abraço como antes
Agora só me resta um enorme desalinho
De manter horas e dias contados

Jaz seco meu ventre materno
Pois já não aquecem mais o ninho
Gritos, abraços e o calor das palavras
É o preço a pagar pelo mundo moderno

Não inventaram tecnologias de abraço
a distância, nem beijo por correspondência
Mas desfazer pouco a pouco o laço
E o amor, razão da sobrevivência

Conta as horas nos ponteiros da eternidade
Porque sei que lá toda saudade é passageira
Pois coexiste com uma só realidade

O amor que semeei floriu para o mundo
É ele a minha verdade inteira
Páginas escritas do meu eu mais profundo




Semeadura



Os lábios prenhes gemem canções silenciosas
que pedem genuflexão e pranto sentido.
São essas as orações lastimosas
o ardente desejo do renovo da vida.
A terra murmura sons que só os poetas ouvem,
Chora sua alegria pelos campos e cidades;
fazendo brotar vida verde diariamente.

É dos calos das mãos generosas,
O carinho sincero de quem semeia.
Nos dedos sinceros a prece;
que norteia o sentido de cada frase.
Um acaricia aquela que o alimenta,
Outro bebe das letras que saciam a sede.

O mundo carece de amor ardente,
Que junto a ação correspondente;
Promove a vida em todo seu esplendor.
A violência mata a terra fértil,
A palavra insana promove a violência
No terreno humano visceral
E na terra que deixa de produzir.