Meu diário de bordo

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Alegoria



Flutua sobre minha cabeça
foge sob meus pés 
e nem de longe o sei
ou sinto seu pulsar


Dorme na minha cama
aflige meus sonhos
assombra meus pesadelos
debocha dos meus pensamentos


Não o sei, não o detenho
mas está lá; no meu medo
todo o tempo martelando
encurtando meus dias

sábado, 21 de janeiro de 2012

Egos

E se cava trincheiras todos os dias...
nessa guerra de inimigos tolos...
de desejos insanos...de utopias
disputadas na roleta russa...
Mata -se e morre-se em cada página 
virada...em cada fim de frase...
em cada conversa mal dirigida...
Soma-se olho no olho descrenças...
vagas acusações...e a lâmina
afiada atravessa sem pudor a alma
que ousa ser livre...
admitir jamais que  possa ter voz
aquela que cresceu em rédeas curtas...
E onde entra o altar de oferendas,
o altar das juras e dos louvores...
se banal tornou todo o arsenal de palavras,
e quase tudo perdeu a graça diante
do que não se mistura...não carece de explicações...
Luta desigual...onde não há ganhadores nem os perdedores são 
definitivos...
Há um tempo de guerra de palavras...guerra de gestos...guerra de vaidades...de poder...mas a guerra entre a superação e a derrota é árdua 
e é travada diariamente sem armas...sem palavras...pela força...pela vontade...entre a carne e o espírito...
Volita o espírito...se alternando com
o corpo que rasteja...preso as amarras
e nessa guerra insana...onde os rasgos
se tornam feridas expostas...
a realidade se faz medida
em cada passo...
Enquanto não se vence a guerra,
enquanto somos inimigos de nós mesmos
 nosso ego continua a fazer estragos...
e a carne supera de longe o espírito
 que se debate entre um jejum e 
uma prece...é preciso se munir de 
forças...
dia chegará que a escolha será feita...
e cessarão as lutas...
e no vão das palavras...nada ficará
por dizer...que vençam as 
atitudes...

domingo, 1 de janeiro de 2012

Expressão

Angélica T. Almstadter


Uma ternura, um gesto
e meu avesso exposto;
obsoleto ou frio
explicitamente manifesto.


No rosto agora recomposto
surge como um rio,
a marca de expressão cumprida;
quando de leve sorrio.


A alma na palma em protesto,
vive e guarda o desafio
da emoção merecida;
no primordial gesto.