Meu diário de bordo

domingo, 27 de novembro de 2011

Quando a inspiração some....

Pois é, pra quem me segue e anda sentindo minha falta vou mostrar que quando falta inspiração eu enfio a cara no artesanato, hehehehe.



Além dos sachês eu estou fazendo chinelinhos pantufas ( ainda não fiz foto, pq ainda estou aprendendo, depois eu mostro) patch colagens e patchwork. O detalhe é que estou fazendo sem curso, só olhando nos blogs e aprendendo de olhar.
A minha caixinha de frutas que virou objeto de decoração
Assim que parte da colcha de fuxicos ficar pronta eu mostro.
O certo mesmo é que não estou parada e meu blog vai ter mais que poesia, rs.
Beijokasssssss

sábado, 20 de agosto de 2011

Por amar-te

Tornei-me uma mulher inteira
Me entregando em rasgos
Pronta para teus afagos
Tua amante bandoleira
Por amar-te virei consolo da lua
Arrebentei nas cheias das marés
Lambendo tua pele nua
Beijando teus pés
Por amar-te
Na extensão dos teus mares
Tracei o leito dos meus rios
Por amar-te
Tornei-me revoada nos ares
Ventanias e arrepios
Teu encarte
Na linha do horizonte
No cume do despenhadeiro
Teu absurdo errante
Teu amor inteiro
Desagüei nos teus rios
Vórtices da minha paixão
Segredos dos meus cios
Meu encharcado coração

sábado, 30 de julho de 2011

OLHARES DE SERPENTE


Dentro dos teus olhos atrevidos;
Moram meus sonhos aquecidos.
Na boca ansiosa de teus beijos;
Moram meus infinitos desejos.

Não me provoque a libido;
Perco o senso e o sentido,
Vou muito além do infinito
E me provarás em cada grito...

Mas se apostas na eternidade,
Nas esperanças sem saudade;
Dentro dos meus braços amantes
Nada, nunca, será com antes.

Teus olhos cruelmente indecentes;
Se fartarão nos verdes atraentes
Do meus, docemente bandidos;
Donde nunca mais serão banidos...

E no abraço das horas vertentes,
Onde nos enlaçamos qual serpentes;
Fundimos nossa essência audaz
Afogando a nossa sede voraz

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entre um dia e uma noite


 
Dei-te horas inteiras, e me devolveste minutos apenas...
Dei-te meus sorrisos fartos, e com semblantes fechados, me presenteaste...
Porque me deste dosados carinhos, se em torvelinhos me doei ?
Olho para o relógio das lembranças, ficou parado há tanto tempo, que já nem me lembro mais; talvez em algum dia quando ainda me querias.
Falta-me tempo para recompor as peças desse quebra-cabeças que somos nós,  fragmentos espalhados que mal consigo encontrar, tão poucos e se espaçaram tanto.
Tenho vivos em mim, espetados na carne, os estilhaços das conversas atravessadas, das dúvidas, nunca explicadas...Incomodando tenho as separações com ásperas palavras, olhares não trocados, porque desviaste para outras direções, enquanto eu tentei outras sugestões...
Engraçado que, embora tenha na boca um gosto amargo, e saudades de ter de ti lembranças, estou em paz.
Olho a chuva pela vidraça e deitada nessa cama tão vazia de ti, sinto um misto de alívio e frio, abraço meu corpo e acarinho meus cabelos como antes nunca tivera feito, não, não dessa forma sensata, sabendo exatamente o que quero, fecho os olhos e deixo a mente vagar.
Há dias que sei que vou me rasgar, teu fantasma vai me rondar, nesses dias sei que vou regar a solidão dos meus ponteiros com lágrimas quentes, mas juro, que jamais saberás; porque entre um dia e uma noite hei de morrer e renascer tantas vezes quanto carecer.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Roubo de textos e não de talento!



  Será que algum dia vou receber na minha caixa postal uma prosa minha toda maquiada e com um nome que não é o meu? Quem sabe...
     Eu leio tantos Quintanas que são Martha Medeiros, tantos Veríssimos que nem passam perto do cronista bem humorado. Parece que nesse mundinho virtual em que não se olha nos olhos é muito mais fácil  "tomar" um texto de um autor e assinar como se isso fosse a coisa mais natural do mundo, ou simplesmente fazer uma "adaptação" para deixar o texto mais suculento, mais parecido com a verve, ou o gosto de quem se apodera. Mas olha que acabo de derrapar nas minhas próprias palavras, porque deixar mais parecido com a verve de quem se apodera estou sendo generosa com esse "autor", que de autor não tem é nada. 
     Com o surgimento da net, vieram a tona uma gama imensa de autores que andavam escondidos, muitos talentos se revelaram, e muitos estão chegando, por aqui, muitos já aparecem prontos para serem consumidos e outros tantos vão se aprimorando, nessa troca gostosa de informações e estilos.
     Mas é aqui mesmo onde as águas jorram com maior intensidade e sem nenhum pudor, por que a grande maioria nunca teria a oportunidade de ser lido, não fosse pela net, é que acontecem as maiores injustiças, e por que não dizer, a maior covardia?
     Um autor quando escreve um texto, como esse que estou escrevendo, para tudo o que está fazendo e se dedica exclusivamente a escrever essa mensagem, que pode ser uma poesia, uma crônica ou um conto, e nesse tempo precioso em que ele se dedica à essa tarefa, não está ganhando nada (se for na net) a não ser a satisfação de estar produzindo algo que quer dividir com outras pessoas. O autor está se doando para uma comunidade, um grupo, pelo único prazer que lhe move: escrever. Infelizmente, paralelo a isso, existem os "autores" que não tendo a verve tão profícua, se apossam dos textos de outrem, maquia um pouco,  coloca seu nome em destaque e repassa...é tão triste pensar que esse autor, que não tem escrúpulos ronde a net e como um predador avança em cima do trabalho de um colega e o roube para se tornar também um escritor, ou um formatador.
    Um escritor não produz só um texto, ele pode não produzir em quantidade, mas a inspiração é dele para cada texto que escreve. Ainda que esporadicamente, e por mais lesado que esse escritor possa ser, não lhe roubarão senão textos, nunca a sua capacidade de produzir novos textos e cada vez melhores.
     Tenho cá comigo, que cada texto tem como disse uma amiga, o DNA de seu autor, em sendo assim, mais dia menos dia o confronto é inevitável, pois quem lê e aprecia o texto de um autor e dele fica sendo assíduo leitor, consegue perceber quando um texto desse mesmo autor foi cruelmente alterado. A linguagem de cada um e seu estilo o tornam inconfundível nos meios por onde ele circula, e é um engano terrível pensar que maquiar o texto de algum escritor, faz do pretenso autor da barbárie, um escritor também.
      Há em cada um de nós um talento a ser descoberto, ou vários, e quem perde seu precioso tempo, adulterando textos, ou maquiando imagens de seus colegas ou de pessoas que tem esse dom naturalmente, perde um tempo valioso em que poderia estar estar descobrindo seus próprios dons  ou desfrutando dos privilégios que esses dons lhe conferem.
     Não me importo em ser lida por todos, mas quero chegar ao que realmente falam a mesma linguagem que eu, tanto no coração quanto na razão, e se algum dia alguém roubar um texto meu, quero que saiba que; não terá roubado o meu talento, pois esse é o meu dom, e da mesma forma que produzir esse texto posso produzir outros tantos, por que minha veia é inesgotável. Graças a Deus não sou uma fraude, assino tudo que escrevo sem medo, por que assumo cada palavra que digo.




Estou postando pq um engraçadinho roubou um texto meu.

domingo, 8 de maio de 2011

Dia das mães!!!

 
Embora dia das mães seja todos os dias, alguém resolveu nos dar um dia especial que consta da folhinha, e do calendário de todas as lojas; para que os filhos pudessem gastar seu dinheirinho comprando um presente pra limpar a barra com a mamãe. Aqueles que não tem dinheiro para comprar nada abraçam beijam e dizem "eu te amo", mesmo que seja para cumprir tabela.
Não, eu não duvido que ame, mas quem disse que precisa dia para abraçar a mãe ou para dizer : eu te amo?
Nós mães fazemos isso todos os dias quando preparamos a comida, quando cuidamos com carinho de suas roupas para que fiquem limpinhas e cheirosas.
 
É claro que não precisa babar em volta da gente, nós percebemos o quanto tem de obrigação esses gestos exagerados nesse dia, mas não deixem por favor esse dia passar em branco, sem um telefonema, um gesto carinhoso, porque embora a gente insista em dizer: não precisava...Vamos ficar muito tristes se constatarmos que nossos filhos não dedicam a nós nem um minutinho do seu dia.
 Dificil entender as mães não é? Pois é, a gente fica tão sensível quando se diz que esse dia é só para as mães que acabamos por ficar derretidas, mesmo quando dizemos que isso é uma bobagem e que nosso dia é todos os dias.
 
O peso da data acabou por incorporar nosso calendário também porque para onde quer que olhamos vemos referências; seja no encarte do supermercado, nos autdoors, nas propagandas de tv e em todos os lugares possíveis se vê mães estampadas como garota propaganda!
 
Assim, se preciso mesmo de uma data para que notem a importância da minha existência como tal,  porque ficou tão banal receber de mão beijada todo conforto que posso proporcionar aos meus filhos; quero-o com toda pompa e honra que possa merecer.
Quero comida pronta, ou almoçar num bom restaurante onde haja comida limpinha e bem feita, como a minha, então filhos queridos nada de encher minha casa para o almoço! Antes que me joguem na cozinha cozinhando para um batalhão lembrem-se que o dia das mães é para dar alegria para essas míseras mortais e se eu disser que fico feliz nesse dia passando parte dele com a barriga no fogão e na pia, podem acreditar que minto, afinal faço isso o ano todo.
 
Já que a data está instituída, vou gozar dela como posso e quero, terei um dia só meu e não adianta quererem me colocar no molde de mamãe padrão. Estou indo curtir o meu dia das mães me divertindo por aí!
Estão rindo de quê? Se tivesse o dia dos filhos, o que vocês fariam?
Fui....
 

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Sonhos estridentes


Por que insistem em me acordar os sonhos?
Por que ainda me inquietam tanto?
Se deveriam me embalar risonhos;
Recostarem o corpo n'alma sem pranto!
 
Ah! Meus sonhos livres sem fronteiras!
Sacodem e  me atordoam o espírito,
Reviram as ilusões costumeiras,
Desassossegam o corpo contrito.
 
Presos a um  silêncio onírico,
Apascentariam a alma romântica;
Não fosse a razão avessa ao lírico.
 
Sonhos haverão dentro da quântica,
Onde a razão sempre vence o empírico?
Sonho e romantismo dirá a semântica!

sexta-feira, 29 de abril de 2011

As estrelas de Bilac

Angélica T. Almstadter

Ando tonta por não percebê-las,
Brilham atônitas no infinito;
Serão tuas ou minhas estrelas?
Muita vez, ao vê-las, solto um grito!

Seu brilho a ele deram sem pejo,
A nós sobrou somente o que fica;
Reflexo a azular o feio brejo,
Bilac com a magnífica!

Tu merece por certo a glória;
Tu louvaste primeiro afinal
O esplendor da merencória,

Do que a nós parece irreal,
Deus consagre a memória
De Bilac; poeta imortal!


(mais um fruto da semana Olavo Bilac do Ateneu)

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Estrelas não ouço!

Não Bilac, não ouço tuas estrelas,
não que com elas não converse.
Há muito tento ouví-las, entendê-las;
acho que minha prosa de nada serve.



Amar talvez não tenha aprendido;
não de fato, para ouvir estrelas,
diria que por certo tenho esquecido
de acarinhar a alma para merecê-las.



Ora direis ouvir estrelas! Invejo-te!
Tão distantes dos meus olhares;
não ouço ruído sequer! Rogo-te!



Dá-me um tanto de teus sentires
para que um dia; eu as ouça. Peço-te!
Caso contrário meu chorar hás de ouvir!

(fruto da Semana de Olavo Bilac no Ateneu)

terça-feira, 5 de abril de 2011

A Intrusa



       Ela chegou toda faceira, olhou para um lado para o outro e me encarou. Muito desaforo da parte dela, ficou se achando o ovo da marmita, passeando pra lá e pra cá, como se meu quarto fosse dela.
Eu observando ela e ela a mim. Ô criatura desenvolta, nem  tava aí pra mim, pôs aquelas patinhas cheias de pelinhos na minha frasqueira, ai meus creminhos; quanto atrevimento!
      Eu ia e vinha suando frio, e ela dona absoluta do pedaço. Cadê que eu conseguia assistir a alguma coisa na TV, meus olhos ficavam pregados naquela doninha xereta, que andava pra todo lado, cheia de pose. Enquanto eu não conseguia sair de dentro da toalha pra apanhar alguma roupa; ela me exibia aquelas asinhas brilhantes, eu nem chegava perto dos meus sapatinhos... e ela balançando as anteninhas, ligadíssima na minha aflição.
      Quando eu me enchia de coragem e avançava sobre ela, ela zombava da minha pouca habilidade e pra que eu não me sentisse muito deprimida ela se escondia e deixava que eu me vestisse e até dormisse algumas horas. Só que nossa guerrilha pelo quarto reiniciava toda manhã, eu de um lado refeita e pronta pra lutar pelo meu espaço, e ela soberana voando acima da minha cabeça. Covarde! Não descia à minha altura pra me encarar de frente.
Francamente eu já não estava mais suportando ela doidona com o sprays que eu dava pra ela cheirar, eu passando mal e ela zureta, mais acesa do que nunca.
     Foi num desses dias em que eu estava de TPM que resolvi montar guarda de longe, saia e deixava ela se sentir a dona do meu quarto, podia subir e descer, e eu aproveitava da minha insanidade temporária pra elaborar a minha vingança. Enquanto elazinha se deleitava nas minhas macias e cheirosas coisinhas, enquanto ela usava e abusava da minha intimidade (que ódio!) eu engendrava o meu ataque.
      E foi quando ela achou que eu havia desistido, que ela já podia casar e ter filhotinhos morando no meu quarto que eu entrei de mansinho porta adentro na pontinha dos pés, sangue frio, e suando frio ( isso ela não sabia) fingindo que estava tudo bem,e não tinha notado aquela  babaca. Disfarcei e voei de vassoura sobre ela, num ataque ordenado, um bombardeio de vassouradas, como se fosse aqueles ataques dos  homens bombas prontos pra matar e morrer! Ela bem que tentou reagir, e voar na minha direção como sempre fazia pra me intimidar, mas eu fui mais rápida que ela e não dei tempo dela armar o vôo, derrubei-a como se derruba um caça e disparei sobre ela toda a minha gana.
     A paz voltou, mesmo com tudo fora do lugar, a cama no meio do quarto, livros e cds espalhados, papéis, apostilas e sapatos sobre a cama, sentei e apreciei com satisfação o cadáver daquela intrusa barata voadora bem à minha frente, no chão.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Desapego


Um pouco a cada dia, solenemente,
Intensamente em cada hora
Morro. Com satisfação e gozo.
Delinqüente sobrevivente que sou
Antevejo a epopéia do desenlace,
Sufocada na agonia.
Alma túrgida de funestos desejos,
Abraço em desespero o caos
Que antecede o silêncio sepulcral.
 

domingo, 3 de abril de 2011

Fácil, Táctil e Fútil

Redesenhado por um desejo fácil
Entrou pelos poros descobertos,
Pretendia aquela vida frágil
De muitos sonhos encobertos

 
Amor cáustico de lavras fúteis.
Entre meus olhos tristes flertou
Provocou tantas emoções inúteis
E sem adeus, o mundo ganhou.

 
Maria-sem-vergonha sempre trazia
Nas mãos vazias de paixão,
Transpirava uma vida fria.

 
Tão logo me compreendeu;
Bocejou angústias pífias
Virou a página e se escafedeu.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Olhos

Foto : Olhar - Douglas Nascimento

Há olhos cravados
nas paredes
na rua,
no chão.

Não há olhos
de ler,
de chorar
a cura, a alma pura.

Olhos rodeiam
a imensidão
sem nada ver.

Nas órbitas tristes
de um branco sem fim
moram os olhos
de uma vida.

A vida inteira
se percorre
pelos olhos;
e o olhos vida afora
percorrem a vida.

Morre-se
sem dos olhos
entender a razão.

Sem deles
ter impresso a paixão
a tristeza dos dias,
o sorriso
ou a dor.

domingo, 20 de março de 2011

estrela artificial


uma estrela solitária
que brilha e brilha
longe dos olhos da razão

 
outrora meiga e solidária
de luz, acercada ilha
alegrava meu coração
 

outras galáxias hoje habita
visitando belos cometas
na realeza do universo

 
na solidão das crises se agita
na ilusão dos betas
na teoria do reverso
 

entre fótons e cósmica poeira
se afasta da mãe Gaia
prepotente estrela primeira
 

seu brilho audaz se esgueira
na ressonância primária
impressa na antiga soleira

sexta-feira, 18 de março de 2011

Engasgado


Angélica T. Almstadter

Um sonho engasgado, dormiu no meu peito
Tantas pontas tinha o danado;
Que me fez em tiras, o peito dilacerado.
Dentro desse sonho perfeito,
Guardei desejos desesperados;
A fala rouca, a fina flor exposta
Em camadas mutiladas de saudade.
Doeu tanto que cresceu arranhado,
Apertado e sem proposta.
Quando me acenava de felicidade,
Na poça de sangue derramado;
Brindei com um aceno breve,
Cerzi os rasgos com coragem
E bem antes que recobre a razão,
Me espalho em pedaços na brisa leve;
Meu prenúncio de estiagem,
Recheado com acessos de solidão.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Acolhida

Calo-te com o calor da minha boca
Com o abraço solitário da minha ternura;
Nunca houve tanta verdade
Em tão pouco silêncio.
Um vale de sentimentos que transborda
Uma ponte que não encontra o outro lado
E um imenso borbulhar de sons
Dentro desse vazio de pessoas e gestos.

Eu desenfreada angústia, 
Sem diques, a correr nos corredores da vida
Engulo séculos de esperas, de retorcidos nãos.
Calo-me enquanto curvo-me aos açoites 
Mas  abro-me inteira de esperanças doces
Para acolher teu sorriso manchado. 
Eu ofereço meu ventre cansado
Para receber teus dias tristes
Que cabem em igual leito de solidão.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Espaços

 
Grande esse vazio que cresce
espande por todo o espaço.
Enormes esses nadas que se amontoam
amoldando formas vazias e sem cor.

 
Dentro desse infinito espaço
que a nenhuma lógica obedece;
verdadeiros, só os sons que ecoam
mutilados por vozes em dor.

 
Deslocando-se de lá pra cá,
de cá pra lá, à deriva,
trombam com silêncios ácidos,
falas ocas e criações pífias
fingindo possuir gentil sabor.
 

Tantos compartimentos azuis
rosas e furta-cores, já emboloram
sob o cansaço da luz tênue que se apaga.
 

Foram recolhidos os sóis,
as luas e seus mistérios surdos,
não mais razão para colecionar:
ilusóes, sentimentos, nem chuvas doces;
atrás do pano  a vida envelheceu
de tanto esperar...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

São Paulo - uma cidade encantada

Desvairada quatrocentona
que se ergue majestosa
nas construções seculares
bem como se encharca
pelos túneis e avenidas;
assombrando pela beleza
e ao mesmo tempo
pela fúria da natureza.

Aconchegante metrópole
velha e ainda deslumbrante
que tem um povo trabalhador
hospitaleiro e baladeiro.
Cativa seu turista e visitante
em cada beco de cultura
em cada palmo do seu chão
coalhado de atrações.
Amedronta seus passantes
pela imensidão de concreto
que se estende a céu aberto
e ao longo de intermináveis avenidas.

Bela quase qüinqüentona
que mesmo maltratada
segue imponente
até depois de um verão de dilúvios;
basta que o sol se apresente luminoso
e seu povo  se esquece das avarias,
das perdas e das suas dores mais fundas
para se apresentarem sóbrias,
bem vestidas indo e vindo pelas ruas e trilhos.

Não há chão mais sagrado
que o que nascemos ou vivemos.
Sofremos, choramos,
mas fincado a eles como raízes
florimos todos os dias
para que o mundo veja
a beleza que ofertamos
a quem nos visita e soma forças.

Cidade cinza de coloridos tantos
Enfeita-se de luzes e sons
para agigantar prazeres
dos seus transeuntes.
Proteje seus artistas,
abre os braços para o mundo.
Sua a camisa, estufa redes,
cria e exporta moda.
Generosa metrópole que não dorme
fala muitas línguas,
dança com todas as tribos,
e se acaba no Sambródomo
em plena quarta-feira de cinzas.

Bem-amada selva multi-racial
dos senões e dos desejos tolos;
um brinde a sua elegância
pouco entendida pelos recém chegados.
Um brinde a sua alma doce e tenaz
ao seu abraço carinhoso.
Muitos versos ainda faria e nem assim
cantaria sua atuante beleza;
fecho os olhos e emano energias,
num desejo sincero de Felicidades tantas
a você e sua brava gente.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Egoísta eu?


Eu dependo de mim
porque sou de mim
pai, mãe e inteira
descendência de Eva.
Sou de mim o alvo
começo e o fim
apoteose da vida.

 
Tenho em mim
a semente benfazeja
a energia vital,
o dom sobrenatural,
o sangue da realeza.

 
Eu me contenho
e me basto
em um único cálice.
Sou anjo doce,
criação original
esculpida no ápice.

 
Onde estiver serei
primeira e única,
de mim e para mim
exalando a essência
da melhor existência.

 
Meu diário: a franqueza
sem motivos,
sem objetivos
para o augúrio
de alguma beleza.

 
Cultivo o desprezo
por ser herdeira hilária
do cenário patético
do meu imaginário. 

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Ególatra


Angélica T. Almstadter
09-01-2010
 

Olha o seu umbigo
não, não deixe que chova
os cartazes da cidade
espalham seus odores
 

Mais um dia de sol
para sua glória
a vida respira de mansinho
prostrada aos seus pés
você é a mais nova eleita
 

Seu perfume inala
todo vapor destilado
das gentes
nada é mais forte
que a sua presença
 

Apesar dos sinais
sua retina não retém
as novas informações
seus olhos passeiam vazios
pela órbita da vida
 
 

domingo, 9 de janeiro de 2011

Psiu

Estou sentindo falta de silêncio,
falta do frio eco zunindo ao meu redor
que atropela meus pensamentos
e faz com que eu grite em versos.
Cansei do vozerio, dos risos despachados,
do tropeçar em falas e cantorias.

 
Quero de volta o silêncio, a solidão
que me faz ouvir o tum tum tum do coração
que me obriga sentir a respiração.
Me envolve em suores frios de aflição.
O silêncio inquieto que faz perceber-me
ouvir-me, tocar-me
e saber que  guardado dentro de mim
represado querendo explodir
há poemas e prosas em gestação
maturados, querendo nascer;
lembrando que a vida só pulsa vigorosamente
porque aqui a poesia é fonte incessante
mesmo que não ecloda todos os dias.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Porta

 Angélica T. Almstadter

Antes que atravesse essa porta
Saiba que perdi o senso
Depois que estrangulei minha aorta
Não me cobre consenso
Cansei de tanto juízo
Desse  comportamento adequado
De esconder meu jeito exagerado
Meu pouco siso
Não se espante com essa outra
Que se encontra deste lado
Uma muher risonha e marota
Cheirando a pecado ousado
Cuidado com essa mulher
Que tem um jeito diferente
Que se comporta feito gente
Que sabe o que quer
Respira ares de liberdade
Quando ama é atrevida
E chora de saudade


Essa mulher não foi a que deixou
Nem a que conheceu
Essa é a mulher que amadureceu
Aos poucos desabrochou
Soltou suas amarras
Tem vontade própria
Afiadas garras
Apesar de sóbria
Aprendeu seus limites
Encontrou seu universo
Em cada linha de cada verso
E não aceita mais palpites.