Meu diário de bordo

sábado, 31 de julho de 2010

provocação


num sussurro malicioso
me prende entre suas coxas,
revira meus cabelos,
despe minha nuca
quando acende arrepios na minha pele...

sabe que pelos flancos me domina,
se me apanha pela cintura
e rodopia pelo meu quadril
num manso beijo lambido...

me olha como quem fareja
morde os lábios,enfia os dedos
pelos meus cabelos,
quase posso lhe ouvir os pensamentos...

na espiral da fumaça silenciosa
seus desejos ociosos espreguiçam
...aceito seu recado...

sexta-feira, 23 de julho de 2010

basta

sinto o peso das palavras
a modulação dos sons
ouço o tilintar das vogais
elas entram-me sem dó
rasgando os silêncios
rompendo portas e janelas
ecoando pelas paredes
ensurdecendo meus ouvidos

calem-se!
quero de volta a mudez
das madrugadas insones
ouvir minha respiração arquejada
meus risos solitários
estatelados pelos espelhos e telas
quero as lágrimas caladas
borrando o rímel
sem lenço nem ombro

voltem para as bocas insossas
para as gargantas fúteis
ao celeiro dos seus desafetos
minha algesia não suporta
tanta sonoridade rebatendo
em zig zag entre minhas arestas

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Em que língua falam os amantes?









Foto : Angélica - Pinacoteca de São Paulo


Qual o som que se ouve dos seus lábios?
Nao falam por palavras...
Amantes se entendem por gestos
e olhares profundos...
Em cada fio tênue desse emaranhado
que ligam suas emoções,
há um mundo de registros codificados...
Linhas mestras e um inequívoco
encontro de raios que embora paralelos
refletem explosões contínuas...
em todas as direções...
Nao é preciso muito para se entender
as várias nuances espelhadas
dos corações amantes...
e só sentir para lhes conhecer na íntegra;
são imãs que se atraem e se repelem,
metal da mesma têmpera, aço da mesma forja...
vinho da mesma safra...
Quem há de compreender suas poucas palavras,
seus sussurros...
quem há de lhes saber os sonhos,
os desejos e devaneios...
Ah... como parece fácil imaginar,
como parece claro cada uma de suas aspirações...
mas quem há de sondar-lhes a alma
para saber da profundidade...
quem há de perdoar-lhes a pouca censura,
o excesso de zelo...
Ah... quem sabe dos passeios
de suas almas pelo infinito,
onde não existem amarras,
onde nada começa e nada termina...
quem sabe dos seus cânticos
entoados em tons delicados,
da dança dos seus corpos sem pudor...
dos beijos que se eternizam na memória...
quem lhes compreende a loucura
de se pertencerem sem receios...
O templo dos amantes fervem em minúcias...
se perdem em carícias...
aprendem e aceitam suas limitações...
se abrem às renúncias...
Ah.. quem pode entender seus antagonismos...
seus aforismos...
quem assim ama de igual grandiosidade
...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

abandono

Foto: Jussara Almstadter
Modelo: Ariane Galindo

auto retrato














teimosa como ninguém;
metade bicho, metade gente.
a vida em mim se contém
porque dela sou sobrevivente!


inquieta, fiel e barulhenta,
sou eu as vezes mulher fatal,
ansiosa, mais que briguenta,
impulsiva, real e muito leal.


sou criativa, sensata, articulada,
sensível. chorona e até chata.
sou previsível e bem desencanada,
também sou uma medrosa nata!


para os segredos: sou um túmulo,
no trabalho sou incansável;
exalo a energia que em mim acumulo
no trato do que é executável.


sou gentil, amorosa e felina;
amante carinhosa e companheira.
ser falante e falastrona é minha sina,
e da verdade eterna prisioneira!


mais erros que acertos somente
nesse meio século que me abraça
no meio fio dessa aventura vivente.
isso tudo é verdade ou chalaça?

domingo, 11 de julho de 2010

Gosto de sangue


Vermelho é meu avesso fogo
Enraizado de chamas ardentes;
Luxo fácil para entrar no jogo
Onde o que vale são as vertentes.

Mas o azougue se afunila na entrada
Espreme e entra pelas frestas,
Faz meu coração em disparada
Uivar e sair em busca de serestas.

Zombo e rio no fio afiado sem defesa
Com o fogo do meu vermelho sangue,
Nada pode doer mais do que a acesa

Solidão inocente que me fere e tange
Em coágulos de uma inútil certeza,
Para eu sinta o gosto do desejo exangue.

terça-feira, 6 de julho de 2010

sou, serei


não poupe meu tempo
nem afague meus erros
quero a plenitude
do começo ao fim
não me sei ainda
saberei um dia
não conheço os dias
como conheço as noites

tenho na ponta dos dedos
a urgência de falar
um medo escravado
no silêncio da alma
gosto de colorir os dias
para deitar os pensamentos
em noites perfeitas

não me procure na superficie
não sei boiar na leveza
das palavras
estou enraizada até a medula
não me basto com pouco
meu embornal
me parece sempre vazio

vou passar os dentes
no tempo que não me permito
lamber e mastigar
todas as letras que puder
serei de mim a melhor certeza
escrita sem rasuras
verdade sem vírgulas
começo, meio e fim

domingo, 4 de julho de 2010

Nos vemos no aeroporto!



Ela a rainha do tango cantada em verso e prosa, a toda poderosa e temida Argentina que tinha o melhor jagador do mundo Leonel Messi, tinha o goleador Igain que também é genro de Maradona, um ataque pra fazer qualquer adversário perder o sono e pecou. Saiu de cabeça baixa, chorando como fizeram outras grandes; Brasil, Itália e França.
Sua primadona contestada pela péssima campanha que classificou a Argentina no pêlo, andava de peito estufado fazendo de tudo para que os olhares e flashs não saíssem de cima de si. A arrogância em pessoa ousava alfinetar o Brasil esquecendo sempre que se estava na África foi por acidente de percurso, não que a seleção portenha não seja valorosa, mas a estrela máxima buscava sem cessar dar o espetáculo acima dos seus comandados.
Naquela bola que pegou de chaleira na lateral do campo sem sequer mexer um fio de cabelo ele mostrou que não perdeu a intimidade com a bola, mas isso era pouco para Dom Dieguito que queria o podium e se tivesse a oportunidade de tripudiar em cima do Brasil, seria sua glória, porque se já adorado na Argentina imagine ir a frente enquanto o Brasil tropeça; teria status de herói na Argentina, com direito a reverências públicas, tapete vermelho e quiçá a Casa Rosada.
O Brasil se foi na sexta-feira, caiu diante da laranja e a Diva portenha satisfeita celebrava na sua coletiva : Quantos holandeses por aqui? Eram os jornalistas e a mídia, mas ele não deixaria de alfinetar!
Fashion e todo estiloso como é próprio das primadonas Dom Diego chegou para uma estrevista coletiva usando um óculos todo cravejado swarovsky, presente de uma filha.
Entrou em campo o drean time da Argentina orquestrada pela maior diva dessa copa, sob os holofotes do mundo todo, e fez fiasco, tomou um chocolate delicioso ( para nós brasileiros) da Alemanha que passeou em campo e nem deu chance de marcarem o golzinho de honra.
Nós vemos no aeroporto Dom Dieguito! Falar mal do Brasil só quando vocês tiverem mais copas que nós, ok? Por ora ainda somos os únicos pentacampeões e o Pelé é o atleta do século, o maior de toda a história do futebol, morra de inveja!
De quebra o mundo fica livre de ver você nu de frente para o obelisco.