Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Trilogia


Três cartas em branco.
Três sorrisos francos.
Incógnitas oferendas;
De partos as prendas.

Três recados distintos.
Três taças de absinto.
Serenatas na chuva,
Vinhos de especial uva.

Três selos marcados.
Três beijos separados.
Três idiomas estranhos,
Três caminhos risonhos.

Uma homilia e três missas.
Três nós, uma madeira maciça.
Uma anunciação, três vidas.
Três bênçãos e três feridas.

Três rios exuberantes,
Agonias lancinantes.
Três certezas consentidas,
Três belezas embrutecidas.

Essências etílicas brutais,
Vertigens tão desiguais,
Humores de frio metal,
Afiadas lâminas do mal.

Três velas içadas no mar;
Navegadores a vagar
Engolindo atônitos vendavais,
Cuspindo terríveis temporais.

Três amores e três dores,
Meus anseios e temores;
Três poemas prediletos,
Três martírios secretos.

Três caprichos da natureza,
Uma inalienável certeza;
Três vidas tivesse, três vidas daria
À cada um dessas poesias.

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