Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Covardia


Vestiria de sol minhas luas
e ninguém me saberia noite.
Aos meus passos badalados, 
como o carrilhão da sala, 
acrescentava notas de um cello.
Quem não me abriria cortinas
para desfilar a majestade?

Salpicaria o chão à volta
de particulares estrelas miúdas. 
Abandonaria os olhos na envergadura
das asas de um condor.
À rouquidão dos versos inacabados
Pontuaria com silêncios intermináveis.
Quem não me brindaria a ausência?

Eu, chama fugaz, 
minuto pausado,
inteira volta do ponteiro
noite adormecida.
Eu, utopia destra da covardia,
acendo a escuridão 
para morar na solidão.

Nenhum comentário: