Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Beijos no concreto

Um grito silencioso me fez calar;
como um sopro que vindo de dentro
lambeu a nudez da minha pele fina.
Arrepiou a beleza rudimentar
da fantasia vestida de concreto.
Pairou no ar a emoção menina
que bebia em grandes goles molhados
meu espanto deliciosamente provado.
Golfadas de lágrimas tontas felizes
acenderam desejos atrapalhados.
Veria enfim o telúrico espalhado
numa chuva nova de belos matizes.
O  livro da razão finalmente rasgado,
e a poesia viva destrancada da mente
beijando a terra inteira, solenemente.

Nenhum comentário: