Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Veto

À volta dessa mesa muito penso,
Engulo palavras e gesticulo a esmo.
Meu tempo rasgou-se de tão tenso;
Continuo igual, mas ele não é o mesmo.

Minha voz entalada reflete minha aflição
Cronometrada; não aprendi atar os ponteiros,
Já não sei onde anda o meu coração
Nem meus esboços poéticos rotineiros.

Sentada olhando para o nada ou quase,
Sinto o peso da razão ou da falta de emoção;
Como se a vida por si só me bastasse
Mesmo que povoada de muita solidão.

Tanto plantado e um deserto me consome,
Não sobrou das chamas nem o meneio
De uma paixão. O vago de algum codinome
Com saudade, talvez saboreie sem receio.

Os dedos tamborilam cansados, distantes
Enquanto os pensamentos caducam.
Já não me acho mais como antes
As palavras desorganizadas se calam.

Perdi da história algum trecho secreto;
Que explica onde minhas palavras veto.

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