Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de julho de 2020

Comunhão infiel

Correm lentos seus dedos
Pelas matas dos meus cabelos,
Donde o perfume de capim cheiroso
Em arrepios sopram segredos.

Passeiam nus, seus olhos belos
Pelo meu ventre perigoso
Acordando meu sono manso.
Meu regato embriagado
Sustenta  sonho e fantasias,
Na porção menina que não alcanço.

A tez inquieta desperta
Desejos na penugem serena
Em hora incerta;
Veneno na doçura da açucena.

O dorso descoberto anuncia o cio,
Que afogado se entrega
Aos sabores densos
Da bebida cruel;
Que na carne nunca é amena,
Na alma acalenta o frio,
Mata a sede dos sentidos.
Ah!  Doce comunhão infiel.

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