Meu diário de bordo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Um réquiem inacabado

Um réquiem inacabado

Se ardo como brasa pelas palavras é porque fujo da razão literalmente e não me importo que pareça uma demente desatinada; dentro dos ciclones onde habito, há muito mais razões que nos chãos por onde piso.
Arder em palavras nem sempre deveria ser traduzido como furor, e sim como avalanche de sentimentos, como rios caudalosos que a gente não consegue conter. A cada momento, sou tomada de novas sensações, a cada momento meu corpo envia mensagens ao meu intelecto, da mesma forma que minh'alma e meu espírito, esse conjunto que sou, de muitas engrenagens se soma e traduz para a minha cabeça e coração as muitas formas de sentir e experimentar a vida e suas implosões e explosões.
Muitos são os meus habitats, muitos são os meus rumores, muitas são as minhas doses de euforia como muitos são meus desejos de tudo provar. Como um braço forte que me ampara e sustenta está a mão atada às palavras, arrimos da minh'alma. Atemporais são os meus súbitos, meus arroubos, da mesma forma que são os meus mergulhos intensos e refluxos temperamentais, porque habito sobre os meus pilares.
Que eu queime ou me afogue, tanto faz, a densidade que me agita, não é escolha própria, e sim submissão consentida. Enquanto aguardo os sinais vitais se queimarem sobre altares em homenagens póstumas, danço por entre as pirações que me permito sem reservas.
Há muito me perdi das amarras que aprisionam meus cantares, mas há muito ainda para transcrever da tessitura da minha e das almas que me pertencem, ou das que muito próximo, me habitam.
Sou um mundo inacabado de muitas camadas caiadas, mas nada em definitivo, não saberia das formas, e se as soubesse morreria a busca e com ela os desejos e vontade imensa de navegar sem rumo...
Serei ainda um réquiem inacabado quando em fogo fáctuo reluzir; enquanto meu corpo descer pelas camadas da terra que me abriga.

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