Maldita alma prenhe de paixão,
Que na antesala do coração se omite
E deixa ansiosa escapar-lhe a razão.
Em que dor se enrodilhou sozinha?
Maldita seja a ilusão que assim permite!
Não é o corpo que a alma cinge,
Seria como se a morte antecedesse a vida.
Cunha na carne o fogo da agonia,
Para que sobre o altar adormeça
Aquela que abraçou a vestal.
Dispa-se do furor da língua
Sem segredos , sem melancolia.
Segrega do corpo toda a cobiça;
Pois à mesa o vinho banha o pão que míngua,
Antes da comunhão de cada dia.
Maldita insurreição anunciada,
Vigorosa prova de fraqueza,
Que serve em cultos a carne vil;
Enquanto adoenta a sobriedade do espírito.
Rasga a pele com palavras amargas,
Mata a sede com penitências duras.
No mais profundo escuro da alma
A vida pulsa límpida e pura,
Servil e solitária como deve ser.
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