Meu diário de bordo

sábado, 6 de novembro de 2010

Insight de Lucidez



O que importa se a porta se abriu?
Que diferença pode fazer eu andar alguns metros, ou alguns centímetros,
se cá dentro desse espaço os olhos estão cravados em mim?
Não por eu ser assunto importante, não,
mas os olhares me fitam perscrutantes de quem estuda,
controla...de quem mede cada passo e teme cada palavra.
Pois que se feche essa porta, e que o holofote não fique focado sobre mim,
penso que longe da alça de mira d'algum olhar malicioso,
o tempo há de ser mais senhor da razão, exatamente como nesse chavão.
Não vou perder o tempo com mesuras ou rotas desculpas,
tenho estrelas nos olhos, com pontas a me espetarem a íris impaciente,
tenho ombros largos o suficiente para aceitar tanto a mochila mal feita
quanto o braço pousado sem pressa, sem perguntas...
Não me assusta mais olhar e ver o que em outro tempo me apavoraria;
me incomoda não prever as palavras que soam como eco de peitos vazios
e barrigas cheias de reizinhos mal coroados.
Prefiro portas fechadas atrás de mim; é na curva do horizonte
no silêncio que sopra a excelência da natureza viva que eu encontro o abraço mais
apertado, a definição mais perfeita do amor.
É no aberto onde sem traições e sem traidores que a vida se torna real em toda sua magnitude.
Eu não espero que tantas pessoas compreendam a minha peculiaridade de viver a verdade inteira só por lealdade ao meu próprio espírito.
Minha alma, a parte carnal do meu espírito tem a sabedoria de entender e fazer ponte entre meus múltiplos corpos; o restante, já nem tem muita importância.

Um comentário:

Conceição Pazzola disse...

Bastante lúcido, muito bom!
Parabéns, Kika.