Meu diário de bordo

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O que nós queremos!

O que esperamos nós brasileiros quando estamos diante da campanha para presidência do Brasil?
Esperamos ver os candidatos e pessoas próximas empenhadas em mostrar suas propostas para um Brasil cada vez melhor para todos os brasileiros, não só promessas; reais possibilidades de que possam ser passadas para o exercício prático.
Mas será que é isso mesmo que pensam todos?
Parece que esqueceram que os maiores interessados, nós brasileiros; povo, portanto a maioria, não quer saber se fulano é santinho ou se ciclano usa vermelho, verde ou amarelo, nós pensamos como um todo pensa: O Brasil que queremos viver, com escolas, educação, saúde, moradia, democracia e paz!

O palco da política nessa campanha virou tanque da levadeira (que me desculpem as lavadeiras) para lavar todo tipo de roupa suja, inclusive a íntima, em público, enfiando goela abaixo do pobre eleitor falsas promessas, mentiras, boatos maldosos e muita fofoca. Um desrespeito total com quem assiste a esse patético jogo do poder.
A democracia é um jogo onde todos têm direito a livre expressão, que não quer dizer bagunça, nem que esse direito não deva ser exercido com responsabilidade, muito pelo contrário; quem tem o poder da palavra, o espaço para se manifestar tem que dar o exemplo e para ser respeitado tem que se dar o respeito.

Por mais que contestem vivemos num país livre, democrático e laico que tem mostrado sua cara no mundo. graças ao empenho do governo do Lula, porque se hoje o Brasil é um país soberano e respeitado lá fora, isso não aconteceu por acaso e nem da noite para o dia, mas pelo esforço do nosso presidente em fazer desse país um país melhor, menos desigual, que sabe o que quer e que luta para que o povo brasileiro entre no mundo moderno usando as mesmas mídias que as elites, com os mesmos direitos a educação, emprego, moradia e a participação ativa na sociedade, a mesma que antes era reservada só a escolhidos e bem nascidos.
As eleições presidenciais de 2010 vão entrar para a história, por muitos motivos, entre os quais pela volta do ódio, da busca do retrocesso calcado nas alianças mais espúrias com a extrema direita mais reacionária e retrógada. Uma eleição onde se pretendeu avivar a Inquisição, que foi a face mais vergonhosa da nação cristã. Ainda nessa eleição se pretendeu trazer para o centro das discussões, questões religiosas que não podem e não devem decidir questões eleitorais, destruindo com isso a possibilidade de uma discussão sadia e amplamente divulgada; a do aborto como questão de saúde pública e não do modo aparvalhado e covarde que foi. Um jogo ambicioso onde não se mediu as conseqüências de se atirar no adversário sem observar que na reta estava o próprio pé.
Há que levar em grande conta nessa eleição de 2010 a maciça participação das mídias independentes, a blogosfera e o twiter que contribuiram de maneira extraordinária para o envolvimento do eleitor, formando uma massa crítica que não se intimida. Com esse cenário de crescimento da participação popular na internet, já podemos afirmar com certeza de que estamos caminhando a passos largos para uma consciência política muito maior; não há meio mais democrático do que a mídia eletrônica, apesar da crueldade que também pode ser destilada por essa mesma mídia.

Vivemos num país onde quem detêm o poder da palavra escrita, radiofusão e televisiva são as grandes fortunas, que não estão acostumadas as serem confrontados, mas que nessa eleição, muito mais que em outras, tiveram que conviver com a mídia independente o tempo todo fazendo contraponto, filmando e mostrando a verdade. É preciso dar cada vez mais voz ao povo para que ele se manifeste livremente e também faça parte do processo democrático: "Todo poder emana do povo e em seu nome será exercido".
Essa pequena burguesia que se mantêm no poder da palavra escrita e falada não gosta de povo que pensa e está tendo que engolir a rebelião pensante levantada pela blogosfera. Já não mais se mostra como o grande poder de "informação" e sim como uma imprensa marrom, golpista que se desnuda a cada dia diante até dos eleitores mais simples.
Só seremos uma verdadeira democracia quando o povo conseguir participar do processo ativamente, consciente da sua participação, lendo e escrevendo ciente da sua responsabilidade e participação inequívoca sem que lhe seja tolhido o direito de livremente se manifestar e enxergar a verdadeira face do poder, formando uma consciência crítica.
Apesar de ser clara a manipulação de uma imprensa facciosa, ainda podemos tirar dessa eleição lições para nunca mais esquecer: Queremos uma país cada vez mais politizado, consciente e não vamos permitir que nos enfiem goela abaixo convicções pré-estabelecidas, mentiras e principalmente exclusão do povo no processo democrático.
Não podemos deixar que nos calem, somos a voz dessa nação e não é meia dúzia de pessoas que vai nos dizer o que fazer, ler ou pensar, muito menos impor os "seus modelos de liderança".
Queremos um pais de iguais direitos e deveres.
Queremos um país soberano e com as riquezas divididas com o povo e não com estrangeiros.
Queremos um BraSil para brasileiros cidadãos e não para aproveitadores de plantão!

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Tenho Medo


Angélica T. Almstadter


Tenho medo de não ter medo,
E avançar o mundo das misérias,
Me perder na fila da fome,
E sem medo de desvendar segredos;
Ser condenada ao degredo,
Exilada na palavra,
Caminhar sobre brasas acesas,
Ser depósito de esperanças cegas;
A nadar de peito aberto, sem nunca espraiar


Tenho medo de ter medo,
E não denunciar a violência que campeia,
Pactuar com a demência que me rodeia,
Ser um verbo mudo;
Um folhetim barato, anônimo,
Sem nome e sem pseudônimo;
Me ver confundida na multidão calada;
Ginuflexa e mãos atadas
Olhando para o nada.

Tenho medo da omissão,
De não ser ponto de referência,
De perder a paciência,
De me ausentar da obrigação;
Fazer pouco caso da minha razão
Me alienar da verdade,
E prostrada na ansiedade
Perder minha identidade

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Antologia 2010













É com orgulho que digo a voces da nossa Antologia 2010,
além da capa que foi concepção minha a partir de uma foto cedida por minha filha: Jussara Almstadter.
ainda há um prefácio delicioso de Uraniano e as poesias de amigos que sabia da qualidade, mas me surpreenderam mais ainda ao ver publicado.
Eu apanhei na mão minha cria, cheirei, acarinhei e me senti orgulhosa de mais uma vez participar de uma Antologia nascida de um grupo virtual, pq eu vi empenho, dedicação, doação, amizade, companheirismo e acima de tudo par-ce-ria!
Obrigada Conceição, Tânia e Clóvis pelo empenho em nos ajudar a realizar esse sonho de dar luz à nossa cria literária.
Sou suspeita pra falar, pq faço parte desse seleto grupo, mas sinto uma ponta de orgulho de estar no meio de gente tão gente!
Obrigada pela amizade, pela companhia e por me incluir nessa jornada.


beijos
Kika

sábado, 2 de outubro de 2010

Ato de fato


Angélica T. Almstadter
Deixo a besta fome se perder no juízo parvo dos passantes, afinal nem ela mesma se sabe atriz principal nessa calçada da fama. Adorno os olhares esgazeados com poesias lúgubres intercaladas de risos frouxos e muitas pérolas ditas sem censura.
Quem há de se perder nessa guerra de retórica famigerada? Um vulgo espírito de face encavada e falsos passos, que permanece hilário para o consumo da inerme massa estupidamente passiva. Mas não é só de horrores que se vive nessa selva de cascalhos bem cuidados há o mel que pinga da boa seiva, rara, mas de fonte certa.
É pouco ou nada seguro nesse feixe de ilusões banais a estranha convivência in natura, é um quase anunciado suicídio público. Na valia dos grandes feitos, da luxúria revelada quase em volúpia ficam vincados no mural da publicidade gratuita a personalidade magnânima da existência humana.
Seixos que somos nessa correnteza inóspita de leito para as gerações vindouras deixamos rastros seguros para quem há de pisar o mesmo chão depois de nós e deixamos comportas abertas para que escorram a vaidade, o orgulho e até as nossas pequenas crueldades. Semeamos nessa passagem quase obscura um canteiro de flores particularmente artificiais que colherão tanto a ralé admirada quanto a prole desencantada.
Que venham então os dias negros sob o estrondo da euforia teatral a musicar a passagem ostensiva da miséria fantasiada de turba elegante para o aplauso disciplinada da seleta frisa que observa sequiosa.
No camarim o debrum da roupa desgastada é cosido com esmero para o próximo ato.