Meu diário de bordo

sexta-feira, 17 de julho de 2015

sem nexo


Carrego mais de meio século de angústias que nesse exato momento se chocam com a imperfeição da minha paciência. Aquela usina que recarrega as minhas energias, a mesma que me faz ser tão urgente, já não abastece com a mesma presteza a minha já tão escassa inspiração.
Sinto o engasgo das palavras que não escrevo, o sufoco abafado no peito que dói sem remédio e a mão abobada segue inerte diante do papel alvo.
Passo dias com a cabeça borbulhando pensamentos, alinhavando idéias que morrem sem alcançar a droga do teclado. Na rua rabisco flashs em retalhos rotos que acabam espalhados pelas bolsas sem qualquer significado.
Minha cabeça lateja, o peito vai somando dias e dias de tortura nesse casulo infame; represada e aprisionada em mim e por mim.
Sou nesse instante um amontoado sem graça de vocábulos adormecidos, uma porção de verbos mudos.
Quanto mais me procuro mais me exilo de mim. Quanto mais eu me embrenho nessa escuridão mais eu me afasto dos meus passos.
Não existe praticidade na vida de um poeta, não existe caminho curto.
Quando as angústias não explodem das veias pra nascerem poemas ou prosas... Morre um poeta e agoniza um ser humano...

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