Meu diário de bordo

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O tempo em mim





Tenho olheiras das preocupações, das noites mal dormidas, rugas de tristezas, flacidez das ansiedades.
Coleciono fios embranquecidos que marcam  as lutas que venci e as que não consegui ainda.
Os passos cadenciaram não pelo cansaço; pela falta de pressa, pelo gosto de aproveitar cada minuto como se fosse o último.
Meu olhar perdeu o brilho da novidade e ganhou contornos de sobriedade, da sabedoria, da aceitação de ser.
A boca não grita com o entusiasmo de antes, mas sabe a hora certa de falar e calar; porque o coração  em equilíbrio não a exulta a descompassos exagerados, basta o murmurar com delicadeza para ser compreendida ou o silêncio revelador.
Tenho a idade exata de estar onde estou, de ser quem eu sou, de aprender de novo e sempre.
Tenho nas mãos o perfume de uma vida inteira para tocar nas palavras.
Posso gastar o tempo, que me resta, apreciando a vida pela janela, lambendo velhas feridas ou posso renascer a cada dia e reaprender a pessoa que quero ser.
Definitivo mesmo só a morte.

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