Meu diário de bordo

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Entre um dia e uma noite


 
Dei-te horas inteiras, e me devolveste minutos apenas...
Dei-te meus sorrisos fartos, e com semblantes fechados, me presenteaste...
Porque me deste dosados carinhos, se em torvelinhos me doei ?
Olho para o relógio das lembranças, ficou parado há tanto tempo, que já nem me lembro mais; talvez em algum dia quando ainda me querias.
Falta-me tempo para recompor as peças desse quebra-cabeças que somos nós,  fragmentos espalhados que mal consigo encontrar, tão poucos e se espaçaram tanto.
Tenho vivos em mim, espetados na carne, os estilhaços das conversas atravessadas, das dúvidas, nunca explicadas...Incomodando tenho as separações com ásperas palavras, olhares não trocados, porque desviaste para outras direções, enquanto eu tentei outras sugestões...
Engraçado que, embora tenha na boca um gosto amargo, e saudades de ter de ti lembranças, estou em paz.
Olho a chuva pela vidraça e deitada nessa cama tão vazia de ti, sinto um misto de alívio e frio, abraço meu corpo e acarinho meus cabelos como antes nunca tivera feito, não, não dessa forma sensata, sabendo exatamente o que quero, fecho os olhos e deixo a mente vagar.
Há dias que sei que vou me rasgar, teu fantasma vai me rondar, nesses dias sei que vou regar a solidão dos meus ponteiros com lágrimas quentes, mas juro, que jamais saberás; porque entre um dia e uma noite hei de morrer e renascer tantas vezes quanto carecer.

Nenhum comentário: