Meu diário de bordo

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Não desejo ser compreendida



Angélica T. Almstadter

Sou o sonho solitário que rompe os muros dessa prisão...
Sou o vento libertário que invade os ares em busca de comunhão...
Sou a branca nuvem desse teu céu em harmonia...
Sou a paz na tua melodia...
Sou o rio que  explode no leito inexplorado...
Sou o veio rasga a terra com sede de viver...
Sou a sede da natureza...
Sou a voz embrutecida...
O sal da terra
A voz que grita se agita, se contorce...
Sou o brado em meio ao deserto, a tempestade que sufoca, o banquete dos faraós; não sou pó, nem oásis nesse mar de sol abrasador.
Sou a linfa que circula nas entranhas da areia...
Sou espuma ruidosa que se desmancha na areia escaldada, sou minguante na maré das luas adolescentes, sou veleiro perdido na tirania das marolas...
Não sou a paz das espadas desembainhadas sou guerreira errante nessa  ampulheta de bandeiras hasteadas...
Não me pertenço, não sou rumo nessa esfera em que bailo...
Não sou brilho nessa nesga de luz que atravesso, sou a parte amputada da história que conta suas glórias, atravesso o buraco negro em vôos rasantes, me mantenho atemporal, sazonal a medida que me guardo no olho do furacão como chispa incandescente,
fagulha acesa que carece de lenha para arder...
Não desejo ser compreendida, borbulho pela borda da vida e como bebida preferida, me aceito e me derramo,
só quero ser sentida...

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