Meu diário de bordo

domingo, 14 de março de 2010

Comunhão Infiel













Correm lentos seus dedos
Pelas matas dos meus cabelos,
Donde o perfume de capim cheiroso
Em arrepios sopram segredos.


Passeiam nus, seus olhos belos
Pelo meu ventre perigoso
Acordando meu sono manso.
Meu regato embriagado
Sustenta sonho e fantasias,
Na porção menina que não alcanço.


A tez inquieta desperta
Desejos na penugem serena
Em hora incerta;
Veneno na doçura da açucena.


O dorso descoberto anuncia o cio,
Que afogado se entrega
Aos sabores densos
Da bebida cruel;
Que na carne nunca é amena,
Na alma acalenta o frio,
Mata a sede dos sentidos.
Ah! Doce comunhão infiel.

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