Meu diário de bordo

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Vácuo

Era pra ser um poema lírico
desses que a gente namora diariamente
em cada minuto solenemente
dorme e acorda remoendo
e de tanto encenar, vira físico.

Podia ter sido um poema de amor
e se não desvendasse o mistério;
seria um soneto sedutor
por ocupar ao menos um hemisfério.

Morreu de tédio e sem alquimia
o que na pele não exalou certeza,
não abriu portas para a utopia,
não se mostrou com firmeza;
minguou sem pódio, sem primazia.

Era pra ser um poema perfeito
se não tivesse morrido de véspera
no sono revirado do leito.
Se tivesse se permitido a espera
do compasso afinado
seria o poema mais refinado.

Um comentário:

nydia bonetti disse...

Há poemas sim, que caem no vácuo, Angélica, mas este não. Aliás, achei refinadíssimo.

beijo, boa semana!