Meu diário de bordo

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

poesia bruta


esse oco que me apavora
retém os olhos nas oscilações
me procuro e só encontro indagações
que aos poucos me devora

engasgo com a rima mal feita
perdi as palavras no vão da porta
e suspiro por uma ou outra morta
nenhuma me é hoje a eleita

ainda no espelho me procuro
do estanho só vejo a transparência
que acusa de mim, eterna ausência
poesia latente em estado bruto

sufocada em revelações marginais
morro nos meus verbos mais abissais

2 comentários:

José Calvino disse...

Em nossa literatura, raro encontrar-se na poesia esses versos profundos e completos.
Com todos seus "escondidos", tem uma beleza singular a produção poética de Angélica Almstadter.
Parabéns, poetamiga!
Beijos do,
José Calvino
Recife

Clóvis Campêlo disse...

Poesia bruta, poetisa refinada!