Meu diário de bordo

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Anjos são perfumados?

Era-me peculiar aquela sensação de cheiros invadindo as narinas; despertava minha memória olfativa. Algumas vezes levava-me a lugares, outras à pessoas queridas; cenas e cenários que bem guardados desfilavam tão vivos quanto no dia em que aconteceram.
Eu disse era? Não. Ainda o é.
Não é coisa que se estimule, num átimo e o desenrolar de uma lembrança toma-me de assalto, enche-me de saudades.
Nunca soube explicar porque algumas lembranças tinham cheiros, percepção de presença tão táctil.
Retinha comigo essa informação com medo de partilhar e me sentir uma tola, porque as vezes o perfume não era de ninguém, nem ele perfumava o ar naquele dia, mas é estranhamente tão forte quando esbarra em minhas recordações que chegam a incomodar.
Não saberia comparar a nenhum perfume conhecido, algumas lembranças, ou mesmo sensações de momentos especiais, pois que são aromas delicados e deliciosamente embriagadores.
De repetido somente um que lembra-me defuntos, não sei o porque, mas quando a tristeza é muito intensa, eu sei que esse é o único que volta.
Disse-me a Odete que são perfumes de anjos. Aqueles que não há similares por onde ando, eu acredito, mas quem explicaria o de defuntos?
Anjos mórbidos? Talvez...

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