Meu diário de bordo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Tenho Medo

Tenho medo de não ter medo,
E avançar o mundo das misérias,
Me perder na fila da fome,
E sem medo de desvendar segredos;
Ser condenada ao degredo,
Exilada na palavra,
Caminhar sobre brasas acesas,
Ser depósito de esperanças cegas;
A nadar de peito aberto, sem nunca espraiar


Tenho medo de ter medo,
E não denunciar a violência que campeia,
Pactuar com a demência que me rodeia,
Ser um verbo mudo;
Um folhetim barato, anônimo,
Sem nome e sem pseudônimo;
Me ver confundida na multidão calada;
Genuflexa e mãos atadas
Olhando para o nada.


Tenho medo da omissão,
De não ser ponto de referência,
De perder a paciência,
De me ausentar da obrigação;
Fazer pouco caso da minha razão
Me alienar da verdade,
E prostrada na ansiedade
Perder minha identidade

Um comentário:

nydia bonetti disse...

Omissão e alienação: sentimentos que também me incomodam demais, Angélica. Mas então vem o medo, que paraliza. Etermos conflitos que nos habitam...

beijos