Meu diário de bordo

domingo, 5 de julho de 2009

Luto


São resíduos geográficos
Desprovidos de certeza,
E espalhados nos murais
Esses recados gritados.
Sufocaria cada um deles,
Pintaria de luto fechado
Para que ninguém visse
Tanta insanidade deflorada,
Em palavras gesticuladas
Sem nenhuma convicção.

É só um ritual apoteótico
De um desconforto anatômico
Que não passará de aventura,
Ou mais um ato tragicômico
Dessa atrapalhada ironia.
No salto surgirá uma nova mulher
Referendada como rainha
Fiel guardiã da loucura.
Insana o suficiente para reagir
E sair do palco ereta
Nem que seja em cacos
Engolir as próprias mazelas
Para em silêncio lamber suas feridas.

2 comentários:

Alfredo Rangel disse...

A insanidade deflorada em palavras, gestos, desta nova mulher que em silêncio lambe suas feridas, apesar de tudo, mostra que a insanidade, talvez, valha a pena...

IVANCEZAR disse...

Voce melembrou uma expressão que há muito não ouvia
"Luto fechado"
Quase "vi" as velhas senhoras
de minha infância
Tudo preto
dos pes à cabeça
Sensacional seu poema !