Meu diário de bordo

domingo, 5 de abril de 2009

Mutirão da solidão



Angélica T. Almstadter
01/04/09

uma multidão de olhares vazios
me acompanha todos os dias
são rostos sem risos
em corpos mecânicos
orbitando no vai vem diário

penso, logo existo
mas pra quem?
se os rostos que me seguem
não tem expressão,
as bocas mastigam nervosas
contra um implacável relógio

por todo lado gente, máquinas
vozerio, apitos, buzinas e mais gente
gente que não vive, não pensa
come, trabalha, anda e compra
e no tempo que lhe resta dorme
e esquece que é gente
e que por isso mesmo
acorda todo dia no mesmo dia.

2 comentários:

IVANCEZAR disse...

Voce existe , sim minha querida !
- em primeiro lugar para o rol de seus afetos , onde incluo-me na condição de amigo virtual - mas também para esses anônimos que voce canta em versos ...
- A concepção de mundo na qual fomos inseridos nos faz pagar a conta de milhares de anônimos que passam dia-a-dia à nossa frente. Muitos dos quais cometem crimes e custam para nós algo em torno de R$ 1.700,00 mensais ( dizem ...)
- E nem vou entrar nos (as) hipócritas que contratam empregados, não assinam a CTPS , não recolhem INSS e nós pagamos a conta do HOSPITAL deles quando adoecem e , por aí vai ....
- Veja que seu trabalho despertou atenção ... viu ^??

beijo

Cristiano Melo disse...

Angélica,
Sabe que penso sempre o mesmo da multidão: que tem pressa! Pressa de que? Pra que? Por quem? São todos rostos de uma mesma máscara, o da falta de expressão, a não ser a de estar atrasado. Aí o tempo vem bater à porta novamente dos poemas...
Penso que por vezes ficamos com a mesma máscara, há de se prestar atenção quando se move, do contrário a vida vivida não nos pertence.
Muito bom
beijos