Meu diário de bordo

segunda-feira, 7 de julho de 2008

Não desejo ser compreendida



Angélica T. Almstadter

Sou o sonho solitário que rompe os muros dessa prisão...Sou o vento libertário que invade os ares em busca de comunhão...sou a branca nuvem desse teu céu em harmonia...sou a paz na tua melodia...
Sou o rio que explode no leito inexplorado...sou o veio rasga a terra com sede de viver...
Sou a sede da natureza...sou a voz embrutecida...o sal da terra...a voz que grita...se agita...se contorce...
Sou o brado em meio ao deserto...a tempestade que sufoca...o banquete dos faraós...não sou pó...nem oásis nesse mar de sol abrasador...sou a linfa que circula nas entranhas da areia...
Sou espuma ruidosa que se desmancha na areia escaldada...sou minguante na maré das luas adolescentes...sou veleiro perdido na tirania das marolas...
Não sou a paz das espadas desembainhadas...sou guerreira errante nessa ampulheta de bandeiras hasteadas...
Não me pertenço...não sou rumo nessa esfera em que bailo...
Não sou brilho nessa nesga de luz que atravesso...sou a parte amputada da história que conta suas glórias...atravesso o buraco negro...em vôos rasantes...me mantenho atemporal...sazonal...a medida que me guardo no olho do furacão...como chispa incandescente...fagulha acesa...que carece de lenha para arder...
Não desejo ser compreendida...borbulho pela borda da vida e como bebida preferida...me aceito e me derramo...só quero ser sentida...

Um comentário:

Rosa Pena disse...

"Não sou a paz das espadas desembainhadas...sou guerreira errante nessa ampulheta de bandeiras hasteadas"... isso é forte e vem lá de dentro.. e mais, ser a parete amputada.. É MAIS FORTE AINDA. beijos kika..rosa